quarta-feira, 16 de junho de 2021

Separação dos mundos

Este texto tem como objetivo discutir o conceito de separação, mais especificamente, a separação do mundo cultural e natural.

Imaginamos o seguinte, você está a caminhar pela sua quinta e repara que a sua laranjeira está a dar frutos, você apanha uma das laranjas e come. O valor atribuído à laranja pela sua ação é o seu valor de uso, no qual você tinha fome então comeu o que lhe foi disponibilizado pela natureza. A laranja nesse caso, não tem valor algum além do seu valor natural, um fruto que alimenta e que contém sementes para crescer mais frutos.

Segundo Marx, a transição entre o valor de uso e o valor de troca se dá pelo trabalho. Digamos que ao invés de vender a sua laranja, você a levasse para quinta do seu vizinho, que tem uma macieira. Vocês, para ter acesso a um fruto diferente, podiam trocar uma laranja por uma maçã.

E se, em um caso mais extremo, você levasse sua laranja para uma vila distante, que não tem laranjeiras e não consegue crescer laranjas, porém é rica em muitos outros frutos. A laranja por ser uma fruta exótica para a região rem um valor enorme, não apenas de uso, afinal, as pessoas podem de alimentar de qualquer outra fruta.

Por mais que essa vila tenha maçãs, como o seu vizinho, de repente a laranja vale muito mais do que isso, vale provavelmente mais do que uma refeição inteira em valor de troca. Nesse caso, o trabalho realizado foi o transporte da laranja até o local, e o valor atribuído ao seu valor de troca foi a força de trabalho.

O mundo em que vivemos, uma sociedade capitalista, faz com que o valor de uso e natural das coisas quase que desapareça. Uma vez que a comunidade é completamente dividida em funções e especializações de áreas de trabalho, seja ela a limpeza de espaços públicos ou seja ser o CEO de uma empresa. Os meios de produção se tornaram a base da estrutura da cultura e sociedade.

O mundo cultural existe com um conceito chamado reificação, que é o resultado de uma sociedade avançada onde a ideia se transforma em coisa, ou seja, sai do mundo das ideias e vai para o material. Nesse caso, as coisas se afastam cada vez mais do seu estado natural. E é justamente essa superestrutura criada que faz o mundo cultural.