Este texto tem como objetivo discutir o conceito de separação, mais especificamente, a separação do mundo cultural e natural.
Imaginamos o seguinte, você está
a caminhar pela sua quinta e repara que a sua laranjeira está a dar frutos,
você apanha uma das laranjas e come. O valor atribuído à laranja pela sua ação
é o seu valor de uso, no qual você tinha fome então comeu o que lhe foi
disponibilizado pela natureza. A laranja nesse caso, não tem valor algum além
do seu valor natural, um fruto que alimenta e que contém sementes para crescer
mais frutos.
Segundo Marx, a transição entre o
valor de uso e o valor de troca se dá pelo trabalho. Digamos que ao invés de
vender a sua laranja, você a levasse para quinta do seu vizinho, que tem uma
macieira. Vocês, para ter acesso a um fruto diferente, podiam trocar uma
laranja por uma maçã.
E se, em um caso mais extremo,
você levasse sua laranja para uma vila distante, que não tem laranjeiras e não
consegue crescer laranjas, porém é rica em muitos outros frutos. A laranja por
ser uma fruta exótica para a região rem um valor enorme, não apenas de uso,
afinal, as pessoas podem de alimentar de qualquer outra fruta.
Por mais que essa vila tenha maçãs,
como o seu vizinho, de repente a laranja vale muito mais do que isso, vale
provavelmente mais do que uma refeição inteira em valor de troca. Nesse caso, o
trabalho realizado foi o transporte da laranja até o local, e o valor atribuído
ao seu valor de troca foi a força de trabalho.
O mundo em que vivemos, uma
sociedade capitalista, faz com que o valor de uso e natural das coisas quase
que desapareça. Uma vez que a comunidade é completamente dividida em funções e
especializações de áreas de trabalho, seja ela a limpeza de espaços públicos ou
seja ser o CEO de uma empresa. Os meios de produção se tornaram a base da
estrutura da cultura e sociedade.
O mundo cultural existe com um conceito
chamado reificação, que é o resultado de uma sociedade avançada onde a ideia se
transforma em coisa, ou seja, sai do mundo das ideias e vai para o material.
Nesse caso, as coisas se afastam cada vez mais do seu estado natural. E é
justamente essa superestrutura criada que faz o mundo cultural.