terça-feira, 15 de junho de 2021

O valor emocional da arte

 Lembrei me deste tópico após ter visto um documentário sobre uma das maiores fraudes de pinturas falsas que diziam ser de artistas como Pollock, Motherwell, Newman, Rothko, que eram apresentadas como novas telas descobertas dos artistas e vendidas como se fossem verdadeiras. Para a minha reflecção vou-me focar me mais numa obra que se dizia que era de Rothko, pois o documentário fala com o casal que comprou a obra falsificada. A senhora diz nos que ao ver a obra pela primeira vez no escritório da curadora do museu, que se emocionou com a beleza das cores gostando tanto da obra que a quis obter imediatamente, o que acabou por acontecer. Mas após saber que esta era falsa a mesma parece que ficou a gostar menos da obra já não lhe tinha tanto valor emocional como quando pensava que era verdadeira, mas porquê? A obra continua a ser a mesma só o seu valor monetário é que mudou, consigo perceber que o casal se sinta enganado e que aquela curadora tenha traído a sua confiança, contudo a obra manteve-se na mesma tem as mesmas cores as mesmas formas porquê que a senhora já não sente a emoção que sentia a olhar para ela?

   As afirmações do casal fizeram-me pensar que é claro que eles só querem saber de arte quando esta lhes beneficia monetariamente, seja como investimento ou como símbolo de um estatuto social e sabendo agora que a pintura que têm na sala vale zero, a obra deixa de ser uma obra de arte a seus olhos e deixa de ser especial e manter o mesmo significado que tinha para o casal. Porem depois de algum tempo a pensar no assunto cheguei à conclusão que se calhar o desinteresse e desgosto pela pintura não seja só pela perda monetária que sofreram, mas talvez pelo que esta representa para o casal agora, porque cada vez que olham para a pintura estão a olhar para um objeto que os traiu e os deixou vulneráveis, por isso é claro que as emoções que aquela obra lhes trazia mudaram agora que esta está associada a um momento negativo na vida destas pessoas.

   O caso deste casal mostra como o significado que dávamos a uma obra de arte pode mudar ao longo da nossa vida depois de aprendermos nova informação sobre ela e o artista que a realizou, ou depois de a associarmos a momentos da nossa vida fazendo com que a arte seja subjetiva e provoque emoções diferentes no mesmo indivíduo durante a sua vida.

    Para além deste tema o documentário fez-me pensar se aqueles quadros podiam ser considerados arte ou não, já que quando se achavam que eram verdadeiros eram considerados obras de arte mas depois de ser descoberto que eram pintadas por um senhor chinês será que deixaram de o ser? Pois uma obra de arte é só considerada obra de arte quando críticos e o público em geral a considera como tal, se era considerada obra de arte antes de se descobrir que eram falsas, será que agora também se pode considerar que são arte?