De acordo com a web magazine TIME, a não confundir com Times, a palavra “blockbuster” tem origens em tempos de guerra - não da Primeira Guerra Mundial, mas da Segunda. A palavra apareceu pela primeira vez nas páginas da TIME em um artigo de 29 de novembro de 1942 sobre o bombardeamento aliado de alvos industriais importantes na Itália fascista; as bombas usadas para essas missões foram denominadas blockbusters por causa da capacidade de destruir um quarteirão inteiro da cidade.
Como o termo continuou a aparecer no contexto de reportagens dos media sobre os bombardeios aéreos dos Aliados, rapidamente entrou no léxico americano como uma metáfora para algo chocante. Essa transição também pode ser vista nas páginas da TIME. A revista começou a usar blockbuster para descrever notícias surpreendentes, de decisões do Supremo Tribunal Federa Americano a jogos de futebol notáveis.
Na edição de 9 de maio de 1943, a TIME usou a palavra para descrever um filme, não pela sua receita de bilheteria, mas pelo conteúdo: a adaptação para o cinema do ex-embaixador Joseph E. Davies, o best-seller Mission to Moscow foi “audaciosa ao extremo ”, de tal forma que os críticos o chamaram de“ tão explosivo como um blockbuster ”.
Mas não demorou muito até a palavra se começasse a referir especificamente a filmes que eram bem-sucedidos a nível comercial. Eventualmente, a ideia de um filme de grande sucesso tornou-se associada a filmes de ação de verão, especialmente depois do thriller de ataque de tubarão de Steven Spielberg, JAWS, lançado a 20 de junho de 1975, feito especialmente para assustar os que iam à praia no verão para dentro das salas de cinema. Quando Star Wars foi lançado, dois anos depois, cimentou o género de sucesso de verão. Hoje, Guerra das Estrelas de 2015: Episódio VII - O Despertar da Força continua a ser o filme de maior ganho pelas bilheteiras na América do Norte de todos os tempos.
Os sucessos de bilheteria logo se tornaram conhecidos por fazerem linhas em redor dos quarteirões. O crescimento da rede de lojas de video-renting “Blockbuster Video” em meados da década de 1980 é a prova do uso popular do termo na indústria cinematográfica.
Mas com os tempos mudam-se as vontades, e com a pandemia eu comecei a pensar neste assunto após o mencionarem na aula: “O blockbuster ainda é usado? Vale a pena?”
Estes números são da grande e capitalista América. Contrastando com o nosso muito mais pequeno país, eu nunca sequer soube da existência de salas de cinema suficientes para recriar um “Blockbuster”, ou seja, uma cidade não teria mais do que 1 sala de cinema por 3-5 blocos de residentes e lojas. Caldas da Rainha, como exemplo pessoal, não é uma cidade muito extensa e só teve ao mesmo tempo 3 salas de cinema. Neste momento tem duas: No Centro Cultural (sala de cinema e palco), e no Centro Comercial. Para além do mais a pandemia de Covid-19 mandou fechar as salas de cinema, e assim as pessoas viraram-se para os sites de streaming, como a Netflix e Amazon Prime Video. Eu incluida.
Com a vida de tal modo virtual, já não há “blocks to bust” (quateirões a rebentar), e a rede de lojas Blockbuster desapareceu, ficando apenas uma única loja em Oregon, que mesmo com a pandemia se mantém. Pelos vistos agora também arrendam videojogos e têm um serviço online de entregas, o que é uma excelente escolha, na minha opinião. Eu tenho CDs de jogos cuja história acabei e provavelmente nunca mais jogarei.
Com arrendamento, streaming, e poucas salas de cinema, pergunto de novo: “O blockbuster ainda é usado?” A resposta é sim, e nem sei se vale a pena mudar o termo.
Anita Elberse, Professora de Administração de Empresas em “Harvard Business School”, especializada em entertenimento, media e desporto, define blockbuster como uma estratégia de sucesso, com que um produtor faz grandes investimentos para adquirir, desenvolver e comercializar conceitos com forte potencial de sucesso e, de seguida, aposta nas vendas desses títulos para compensar o desempenho mediano do seu outro conteúdo. Os filmes blockbuster tendem a incluir efeitos especiais emocionantes, como exibições pirotécnicas e imagens geradas por computador. Parecem caros e não são experimentais ou inesperados. Os sucessos de bilheteria são espetaculares. É suposto entusiasmarem o público por meio de exibição visual e não dependem do diálogo para envolver o espectador.
O blockbuster continua a vender do mesmo modo que dantes, por palavra do público. E não é segredo: filmes blockbuster vendem muito bem. Planeta dos Macacos, Mad Max, os universos cinemáticos de DC e Marvel quase na sua totalidade, Fast and Furious, entre outros que não têm seguimento. Estes filmes contrastam com filmes de autor que podem não ser tão conhecidos, como a obra prima que recomendo a todos, Forma da Água, de Guillermo del Toro.
Estou a lembrar-me do filme Guardiões da Galáxia, dentro do universo cinemático da Marvel. Acho ser um ótimo exemplo de blockbuster moderno. Tem armas de fogo, naves espaciais, cenas de ação, explosões, apelo sexual dentro da faixa etária dos 15 anos, comédia, romance e emoção. O segundo filme tem o que já é mais inesperado, com uma grande revelação e visuais belíssimos, mas com as mesmas personagens principais e os mesmos temas. Adicionalmente a história das personagens vai continuar por mais filmes, funcionando assim como um gancho que mantém o espectador na expetectativa de ver mais destes filmes, gastando mais dinheiro.