“A política não é o reino da
moral, do dever, do amor(...) É o reino das relações de força e da opinião, dos
interesses e dos conflitos de interesse. A política ocupa-se do que há de mais
complexo e precioso: a vida, o destino, a liberdade dos indivíduos, das
coletividades e, doravante da humanidade.”
A. Comte-Sponville
É possível
diferenciar os conceitos pertencentes à ética e os que pertencem à política.
Retirando da frase de A. Comte-Sponville é viável estabelecer a diferenciação. “A
política não é o reino da moral, do dever, do amor (...)a vida, o destino, a
liberdade dos indivíduos, das coletividades e, doravante da humanidade.” Enquanto
a conceção política é: “É o reino das relações de força e da opinião, dos
interesses e dos conflitos de interesse.”
A palavra “política”,
deriva de pólis que na Grécia Antiga era a cidade-estado, uma cidade com
organização e virada para a gestão da vida política. A política questiona-se: “Como
viver num espaço público? “Como conciliar a liberdade individual com a dos
outros?”; “Como conciliar os interesses individuais dos coletivos?”. Podemos,
assim, afirmar que a política é a gestão da República, isto é, a gestão da rés-pública,
coisa pública. A política desempenha um papel fundamental na sociedade, uma vez
que é necessário organizar a vivência social, harmonizar os interesses e gerir
os conflitos de modo a alcançar um bem comum.
Os políticos encontram-se no
parlamento, constantemente a discutir ideias para que haja um desenvolvimento social
e económico, de um país. Uma sociedade anarquista seria uma sociedade sem rumo
nem ordem, pois todos teriam o livre-arbítrio de decidir o que fazer, assim
destabilizando terceiros. Deste modo, a política é um “estabilizador” de ideias
e comportamentos, onde a opinião deverá ser dada – “É o reino das relações de
força e da opinião, dos interesses e dos conflitos de interesse.”
A política é uma organização de
poder com vista à manutenção do equilíbrio social, é a “arrumação” da casa
exterior do Homem. Por outro lado, a ética é o alicerce para que uma sociedade
justa. A ética poderá também ser a definida por “arrumação” da casa interior do
Homem. Estes dois conceitos têm de estabelecer uma relação, de forma a criar um
conjunto organizado politicamente e eticamente. Como podemos ler no pequeno excerto,
acima mencionado, a política ocupa-se da ética, visto que – “A política
ocupa-se do que há de mais complexo e precioso: a vida, o destino, a liberdade
dos indivíduos, das coletividades e, doravante da humanidade.”
“Para nós, o objeto primário da
justiça é a estrutura básica da sociedade, ou, mais exatamente, a forma pela
qual as instituições sociais mais importantes distribuem os direitos e os
deveres fundamentais e determinam a divisão dos benefícios da cooperação da
sociedade(...) Na posição original, os princípios da justiça são escolhidos a
coberto de um véu de ignorância.”
J. Rawles
A
“posição original” e o “véu da ignorância” fazem parte de uma situação fictícia/imaginária.
Nesta situação, na “posição original”, encontra-se um indivíduo e os restantes,
são cidadãos livres, iguais e racionais. Estes indivíduos estão cobertos pelo “véu
da ignorância”, ou seja, têm total desconhecimento da sua “lotaria socioeconómica
e natural.” Este “véu da ignorância”, permite eliminar o autofavorecimento e
garantir imparcialidade da escolha dos princípios da justiça.
Na
teoria de Rawles, existem 3 princípios. O primeiro é o da liberdade compatível
e igual para todos, isto é, garantir as liberdades básicas tais como, a
liberdade de expressão na religião, política e direito à propriedade. O segundo
é o da igualdade ou oportunidade justa, para todos. O terceiro e último é o
princípio da diferença, este admite desigualdades socioeconómicas e, através do
respeito à diferença, pretende corrigir as assimetrias sociais, dando assim
espaço para todos.
Robert
Nozick irá criticar um dos princípios de justiça de Rawles – a diferença. Irá referir
que o princípio é uma “conceção padronizada da justiça”. Imaginemos uma
sociedade em que os bens e riquezas são igualmente distribuídos por todos –
seria uma situação instável, fazendo com que o Estado tivesse de interferir
contínua e sistematicamente pela cobrança de impostos. Para Nozick este ideal é
eticamente errado, respeitar a liberdade do outro é também respeitar o direito à
mesma.
Rawles,
caracteriza-se por um ser pensador que favorece a equidade e também por um
liberal com tendências igualitaristas. Devido à equidade que empregaria, Rawles
tentaria balançar uma sociedade desigual com direitos iguais.