É cada vez mais difícil realizar uma tarefa sem estar constantemente a verificar o telemóvel ou a olhar para a TV, ou a observar os gatos ou até mesmo as moscas
Não sei se o facto de estarmos a passar por um ano tão atípico não tenha piorado a situação... Ou melhor, tenho a certeza que o fez. Estava bem consciente que a carga de trabalhos da faculdade não teria nada a ver com o que tínhamos experienciado até agora no básico e no secundário, mas o facto de estar confinada em casa tornou tudo dez vezes pior. Senti que nestes últimos meses tudo o que fiz foi trabalhar sem ter qualquer tipo de recompensa. Ao menos se as aulas fossem presenciais ainda iríamos ter a oportunidade de conviver, sair, divertirmo-nos e viver o tão antecipado "ano de caloiro" mas em estado pandemia... Nada disso se tornou possível. Ao invés disso tivemos, ou melhor, tive uma experiência quase degradante em que tudo o que fazia era sentar-me no computador e ficar horas e horas a fazer projetos.
Como consequência, e especialmente neste segundo semestre, vi-me constantemente à procura de uma forma de me distrair de tudo o que era faculdade, uma forma de me dar algum descanso, e de compensar pelas noites mal dormidas do semestre passado. Mas sinto que fui do oito ao oitenta.
Sempre tive alguns problemas com trabalhos teóricos, admito, mas nesta última hora fiz de tudo para me abstrair daqueles 2000 caracteres que ainda tinha por escrever. Até mesmo este texto é uma mera desculpa para fugir a tudo o que tenho por fazer. E ainda assim, com todas as distrações que me são proporcionadas nada irá eliminar o facto de que o texto estará pronto dentro do limite de tempo, porque a minha consciência não me permitiria o contrário.
E é com este pequeno desabafo que volto para a frente do computador a fim de acabar finalmente o trabalho que me tem vindo a assombrar nestas últimas semanas.