Quem vir o título vai chegar à conclusão de que eu sou alguém que procrastina, o que não é completamente mentira...
De facto, todos nós, em algum ponto da nossa vida procrastinámos, ou porque havia algo mais interessante que não conseguimos evitar de dar a nossa atenção, ou porque o nosso estado mental não estava com vontade de se focar num trabalho. A verdade é que quando procrastinamos existe algo no nosso cérebro que pega o leme e atira o pensamento lógico pela janela. Mesmo quando, por vezes, pensamos "Ok, agora tenho de fazer este trabalho e depois posso descansar", uma voz na nossa cabeça diz "Mas ainda temos tempo" e acabamos por nos distrair do trabalho que temos em mãos.
Claro que se fosse apenas esta vozinha que tivéssemos na nossa cabeça, como é que um procrastinador faria o que quer que fosse de produtivo? Bem, dentro da cabeça de qualquer procrastinador, quando se aproxima a data do dito trabalho, uma nova voz aparece na nossa cabeça; desta vez, ela não contradiz o nosso pensamento lógico, mas faz com que entremos em pânico. Gosto de lhe chamar "A voz de realização" porque é quando nos bate de repente " Ah, tenho de entregar isto daqui a pouco tempo". E porque é que esta voz não é afetada pela vozinha que só se quer divertir 24 horas, 7 dias por semana? É simples, porque o nosso mecanismo de sobrevivência faz parte dessa voz.
Quando se aproxima a data de entrega e não temos nada feito, "A voz de realização" abre as válvulas de adrenalina capazes de nos fazer correr uma maratona porque, mesmo quando evoluímos, o sentimento de lutar ou fugir ainda está presente, claro que em vez de ser associado a um predador ou situação perigosa é associado a estas pequenas coisas, trabalhos no fim de prazo, aquela mensagem que enviamos para a pessoa errada, ou quando saímos à rua e tememos que todos à nossa volta nos julguem porque não conseguimos ajeitar o cabelo naquela manhã. "A voz de realização" não é responsável por estes últimos é claro, é apenas responsável por tirar a cabeça do procrastinador das nuvens para que este não sofra com não entregar o trabalho a horas.
Mas e quando o trabalho não tem prazo de entrega? Bem, aí temos de aprender a colocar nós mesmos os prazos de entrega, se não teremos de arcar com as consequências.