Acho que tenho saudades do silêncio.
Faz muito tempo desde que me permito estar aborrecido, é assustadoramente fácil ter passado pelo dia inteiro e nunca ter parado. Se há sempre tanto para fazer, como assim todas as atividades ainda carregam um sabor tão vazio?
O quão nos imergimos numa vida barulhenta a este ponto? Eu vejo pessoas ao meu lado que fazem tanto, que se esforçam por fazer tanto, de uma maneira estranha, de uma maneira desconfortável, de uma maneira de quem, mesmo que subconscientemente, não tolera estar consigo mesmo em silêncio.
Não que seja fácil, mas talvez seja necessário. É quando não alimentamos a nós mesmos distrações que somos confrontados com quem somos, e talvez a nossa inquietude a falar connosco mesmos nos diga mais sobre nós do que pensávamos inicialmente.
É quando se mergulha no fazer nada, que se descobre que fazer nada não é nada, de todo. É tão significativo, é algo com potencial de finalmente podermos ouvir o que nós queremos dizer, numa profundidade à qual nos desacostumamos a deambular por.
O barulho e a ocupação são necessários, sem dúvida, tal como o silêncio pode parecer muito ideal e puro -eu talvez tenda demasiado para isso às vezes, mas é uma questão de equilíbrio.
Para já, o que faz sentido para mim é passar algum tempo comigo mesmo.